24 março 2022

Projeto "Crosstraining para todos": inclusão e diversidade

                Em 2021 foi criado o projeto de extensão universitária da UFGD "Crosstraining para todos", em parceria com o box Newin Crossfit, com o objetivo de divulgar a modalidade em Dourados. Inicialmente, oferecendo a prática para crianças de 4 a 10 anos e para pessoas sedentárias, com sobrepeso, obesas, hipertensas, cardiopatas e idosas.


Foto: Arquivo Projeto Crosstraining para todos

        

        Josiane Fujisawa Filus de Freitas, professora do curso de Educação Física da UFGD e coordenadora do projeto conta como começou: "O projeto foi uma ideia que surgiu da minha vontade de divulgar o Crossfit para mais pessoas. Desde que comecei a fazer gostei muito, foi a primeira prática esportiva que me ajudou na constância, na frequência. Como mãe, com duas filhas, demorei pra adquirir o hábito, sempre começava algo e parava, com a desculpa de que precisava ficar com as crianças. Foi então que decidi dedicar esse tempo para mim. Isso que acho importante, principalmente para as mães que sentem culpa por fazer isso. A gente tem que estar bem e se cuidar para poder cuidar dos outros. Isso foi uma mudança de mentalidade que o Crossfit me proporcionou e eu queria divulgar isso pra mais gente". 


Foto: Arquivo Projeto Crosstraining para todos

             Foram feitas avaliações físicas em parceria com o pessoal da Nutrição da Anhanguera e da UFGD. Nos resultados finais perceberam um ganho de massa muscular e perda de peso nas mulheres e em algumas crianças que estavam com sobrepeso. As mães relataram também que as crianças gostaram muito da modalidade. Então concluíram que o projeto alcançou seu objetivo: divulgar o crosstraining e mostrar que pode ser praticado por qualquer pessoa. 


Foto: Arquivo Projeto Crosstraining para todos


            No final de setembro, ao encontrar o professor Éverson do projeto Paralimpico, Josiane ofereceu o espaço do "Crosstraining para todos", pois o pessoal do atletismo estava sem local para treinamento de condicionamento físico e de força. Os atletas participaram até o final de 2021. Então em 2022, o objetivo está sendo focar no público com deficiência, atendendo em especial pessoas com amputação e cadeirantes a fim de demonstrar a possiblidade inclusiva do esporte.


Foto: Arquivo Projeto Crosstraining para todos

            Em 2011, Rosenilda Aoyama sofreu um acidente de moto e no local teve amputação traumática da perna esquerda. No mesmo ano, conheceu um professor do time de basquete de cadeira de rodas e começou a participar. Em 2014 entrou para o atletismo e começou a praticar lançamento de dardos e disco.  "O esporte foi essencial pra mim, pois tive que parar de trabalhar, era doméstica, conheci o esporte e me apaixonei. Estou até hoje e não saio por nada", comentou. 

Foto: Kaio Okada Fotografia

                Em 2021, quando Rosenilda conheceu o projeto, não sabia o que era Crossfit, mas topou o desafio. Ela conta que depois que começou melhorou muito sua marca no peso, no disco e no dardo. "Não pretendo sair, esse projeto é muito importante para as pessoas com deficiência que precisam do fortalecimento de braço, de perna, de abdomên. Todos conseguem fazer, cada um com suas limitações, claro. Estamos ali para descobrir o que nós deficientes somos capazes. Eu não sabia que poderia conseguir fazer o Crossfit. Dá uma levantada na auto estima por saber que conseguimos quase tudo o que as outras pessoas conseguem. A professora Josi é um exemplo de olhar para o próximo". 

          Josiane afirma que a falta de informação e conhecimento sobre a modalidade traz um preconceito, de que é só pra atletas, que machuca e é perigosa. E que o olhar de quem pratica e é da área da Educação Física é importante para perceber o quanto ela é inclusiva e fácil para qualquer pessoa em qualquer nível de desenvolvimento motor. "A pessoa vai praticar dentro da possibilidade dela porque tem adaptações para todos. O importante é que sempre sente o estímulo do treino e a questão do desafio é o que faz com que as pessoas continuem e criem uma constância".


Foto: Arquivo Projeto Crosstraining para todos


            Rosenilda comenta que não é todo mundo que enxerga as pessoas com deficiência e que Dourados tem uma carência muito grande de pessoas interessadas no esporte adaptado. "Muitas pessoas não se importam ou não conhecem, somos muito desvalorizados nesse sentido. Então quando a gente encontra uma pessoa que quer ajudar a gente agarra a oportunidade com todas as forças. Estou ali para descobrir o que sou capaz de fazer e estou tendo a certeza que uma cadeira não limita, uma prótese não limita, uma muleta não limita. É só a gente olhar por cima dos obstáculos que a gente consegue!"


Foto: Kaio Okada Fotografia